Apetece-me escrever. Soltar palavras ao calhas, suspirar emoções perdidas nos cantos obscuros da alma. Ah… as palavras e a alma, correm de mãos dadas pelas ruas ocas de corpos vazios. Não sei bem o que as liga, só sei o que serão. Deixo-me envolver, respiro, parei no tempo. Um tempo que dispunha de silêncio e de um vazio acusador. Estou a flutuar em emoções letárgicas, bebi o copo da objectividade, esqueci-me do choro, do riso, de olhar. Pousei a caneta, perdi-me não volto a escrever, disse. Arrogância errática que gesticula freneticamente tentanto alcançar palavras que já não saiem com a facilidade de outrora. Já não me sei escrever. De um momento para o outro esqueci-me de como se fazia, das formas, das horas, das pessoas. As gargalhadas espontâneas evaporaram-se no ar. Foram-se os momentos, aqueles que saboreava com o melhor dos sorrisos na cara. Quero saber o que é o amor na sua real essência. Libertar-me de sensações exteriores, prender-me ao momento, apenas. Em toda a sua plenitude. Estou viciada em fundos abstractos para além da razão. Não me sei ser banal e quero o especial, sempre. Esvazio a alma de preocupações. O coração bombeia reflexões de sarjeta, aquelas exortações que consomem sempre um pedaço de nós. Não consigo entender esta necessidade, esta limitação do espaço próprio, a partilha do mesmo espaço, a partilha do mesmo corpo. Um só corpo, duas almas. Ou uma só alma em dois corpos? Não sei qualificar a quantificação física do que está para além dos fragmentos. Balbuciar e nada mais é o que faço enquanto ouço o som do silêncio. Arrisco-me a repetições tendenciosas mas é durante esse tempo todo, que vou tomar conta de mim, guardar-me num lugar seguro, esperar que a chuva passe, para que eu possa redescobrir-me. Não me posso deixar em aberto. Cortem a minha veia lírica até que o ruído da rebocada se finda atrás de mim, até que o saco lacrimal seque. Vejo o negro que assola o semblante do meu rosto, é a tristeza a entranhar-se para me prender os movimentos. A caixinha permanece envolvida a pó, o velho alfineteiro continua dentro dela imune ao toque até que o toque seja puro, verdadeiro. Acabo-me em sonhos. Não importa são eles que me fazem sentir viva. Fim.
Esquecida,
em cada dia que passa,
nunca mais revi a graça
dos teus olhos
que amei.
Má sorte, foi amor que não retive,
e se calhar distraí-me...
- Qualquer coisa que encontrei.
Pearl Jam-Black
All the love gone bad
Turned my world to black
Tattooed all I see, all that I am, all I'll be...yeah...
Uh huh...uh huh...ooh...
I know someday you'll have a beautiful life, I know you'll be a star,
In somebody else's sky, but why
Why, why can't it be, oh can't it be mine...
We belong
We belong
We belong
We belong together
Together...