Simplesmente Maria

Sabores || segunda-feira, setembro 10, 2007

Naquele corredor sombrio ouvem-se passos. Passos que caminham até à porta dos sonhos encerrada a vida e luz.
Os passos são lentos, acompanhados de murmúrios que ecoam no espaço e se esfumam pelo ar vazio.
Um corpo se aproxima da porta olha-a e toca-a, sente em sua mão a sua textura, percorre com os seus pequenos dedos aquele pedaço de madeira que a separa do que está para lá, as lembranças, as recordações, tudo que o nada levou.
Enquanto sentia a sua textura fechava seus olhos e tentava cheirar para ver se lhe reconhecia algum odor, mas nada.
O corpo coberto pelo escuro sombrio que se fazia no corredor rodou novamente a chave daquele quarto que tanto quisera encerrar.
Entrou naquele quarto de memórias, trouxeram-lhe ali naquela noite sem que soubesse, então o corpo estremeceu, ali voltaram as lembranças, as lamentações, a dor que não queria porque não a fazia viver, o desejo pelo seu carinho, saudades do quanto a fazia sorrir, memórias de traços, sonhos. Sonhos que traduzem o vácuo esmagador daquele silêncio. Silêncio que se fazia sentir no quarto mas não em seu peito.
O lado esquerdo do peito diz que me fugiste talvez eu é que não me consiga prender aos traços. Frases na primeira pessoa que me vão traduzindo os sentidos. Palavras soltas levadas pelo vento a lado nenhum, não chegam, não lhe têm qualquer tipo de sabor, não mais.
O vento não leva tudo, é mentira. O vento trespassa a pedra, bate contra a sua forma e regressa vazio, sem resposta, sem nada. Nada produz o nada.
Gosto da minha mente em noites como esta, gosto de voltar a passear em mim e ser espectadora da confusão mental provocada pelas fragmentações em pó.
Quero dormir.
E sonhar?
Não, tenho medo.
De quê? O medo não te serve de nada.
Por causa do medo tenho o nada.
Vendes-me o sonho?
Se gritares o meu nome sem fazeres barulho.
Escreve-me num guardanapo, pinta os meus traços a óleo, sonha-me.
Pena que descobri que os meus traços não te eram especiais. Agora posso pensar em fechar a porta atrás de mim como já fechaste a minha, nunca te fui especial, apenas um corpo, mais um vulto.
Queria pintar, pintar paradigmas não renováveis. Pormenorizar o que sinto, sem ser em palavras, mas que esconda palavras que possam ser imaginadas. Idiotices.
Fecho o caderno amarrotado por lágrimas. Vou dormir mas não vou sonhar.

--Maria Simplesmente Maria-- 05:20

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23 Comentários

By Sara, at 10 setembro, 2007 11:07

A tua escrita às vezes faz-me lembrar um bocadinho de Patrícia Reis, outras vezes um bocadinho de Rodrigo Guedes de Carvalho. Já leste algum deles?

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By Anónimo, at 10 setembro, 2007 18:23

mal-me-queres e mais mal-me-queres...aos molhos, fora dos teus olhos...
;)

Anónima

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By Unknown, at 11 setembro, 2007 10:46

again on a monday.

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By Sub-Lodo, at 11 setembro, 2007 23:02

Precisas mesmo de uma serenata... Ou um enxerto de porrada. Ou serenata, serenata...

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By Maria Strüder, at 11 setembro, 2007 23:17

Tens uma empresa de Serenatas?
Para porrada peço ao Piston que tá sempre pronto para me acertar biqueiradas na boca!
LOL acabei de receber a chamada mais estranha da minha vida!

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By Kitty, at 12 setembro, 2007 10:50

visite e, se puder ajude:
http://astresmeninasgemeas.blogspot.com/
Obrigada

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By astuto, at 12 setembro, 2007 20:37

Mais um texto assente em sentimentos e nos pensamentos, no que de mais insondável tem o ser humano. Já pareces o Lobo Antunes a descrever estados de alma :-)

Cumprimentos.

PS: sonha à vontade!

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By Paulo, at 13 setembro, 2007 11:29

Vou ser sincero contigo (espero que não te chateies...):
Nem sempre gosto do que escreves, mas desta vez adorei! :)

Pronto, pronto... não me batas!

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By Maria Strüder, at 13 setembro, 2007 12:23

Nunca o faria!
Ninguém é obrigado a gostar de mim muito menos do que escrevo aliás gostei imenso dessa tua franqueza coisa que pelos blogs existe pouco. Obrigado, pelo menos sei que desta vez um texto meu faz sentido a alguém ou alguém o gosta mesmo =)

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By Unknown, at 13 setembro, 2007 13:53

eu admito. eu nao li!

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By o monstro, at 13 setembro, 2007 21:15

mudaste o titulo?

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By Maria Ostra, at 14 setembro, 2007 13:25

Abre a janela... para a luz entrar. ;)

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By Maria Strüder, at 14 setembro, 2007 16:09

Não existem janelas em quartos recônditos minha querida esse é o mal.

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By x, at 17 setembro, 2007 12:31

É segunda feira e como alguém já notou é dia de...de?!?!
O dia ainda não acabou, não faltes ao compromisso ...
Um abraço.

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By Unknown, at 17 setembro, 2007 13:13

"just another manic monday, oh oh, wish it was sunday, oh oh"

diz a mariazinha.

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By Capitão Merda, at 17 setembro, 2007 16:41

TÁS DE FÉRIAS?!

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By Unknown, at 17 setembro, 2007 17:42

Lembrei-me :

http://matrix.senecac.on.ca/~sarshad1/

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By Maria Strüder, at 17 setembro, 2007 18:27

Na... não sei se vou escrever hoje, dúvido... vou apenas fazer um levantamento reles das novidades do mundo de Maria.

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By Sara, at 18 setembro, 2007 12:17

Bem podias fazer uma rubrica tipo "A Maria responde"...

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By Cardeal Cervejeiro, at 18 setembro, 2007 13:55

A Maria responde?
A Maria responde?!

Ai, não. Para isso temos a revista. De certeza que são respostas com base científica e correcta. E dão conselhos muito bons.

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By Casemiro dos Plásticos, at 19 setembro, 2007 18:44

gostei da tua escrita, parabéns!
beijo e boa semana!

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By Letras de Babel, at 21 setembro, 2007 01:51

o que escreves tem vindo em crescendo. como as paixões magoadas que ainda não disseram tudo...

hugs & kisses

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By Unknown, at 26 setembro, 2007 11:28

Mas faz algum filho da puta de algum sentido abrir 20 vagas para Assessoria e Traducao, onde 5 gatos pingados concorreram e 5 vagas para Comunicacao Empresarial, onde concorrem 20 ou 30 gajos?

Pa puta que pariu.

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