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Cultura não faz mal a ninguém. || sexta-feira, dezembro 22, 2006

Foi precisamente em 1920 que Fernando Pessoa conheceu Ofélia Queirós no escritório Félix Valladas e Freitas Lda., situado na Rua da Assunção, 42 2o. Um dos sócios era Mário Nogueira de Freitas, primo de Fernando Pessoa.

Ofélia Queirós tinha 19 anos e, contrariando a família, resolvera empregar-se. Respondeu a um anúncio do Diário de Notícias e foi admitida na firma. Fernando não trabalhava na firma, mas ajudava o primo como correspondente, e no dia em que Ofélia se apresentou no escritório foi ele que a recebeu. Passados dias começou o namoro.

Pela leitura do livro Cartas de Amor de Fernando Pessoa estruturado e organizado pela sobrinha-neta de Ofélia Queirós, Maria da Graça Queirós, apercebemo-nos que ele era de uma intensa ternura com ela. Encontravam-se quase todos os dias e escreviam assiduamente.

A própria Ofélia conta:
“Foi uma namoro simples, até certo ponto igual ao de toda a gente, embora o Fernando nunca tivesse querido ir a minha casa, como era habitual da parte de qualquer namorado.
‘Dizia-me: “Sabes, que é preciso compreender que isso é de gente vulgar, e eu não sou vulgar.’ Eu compreendia-o e aceitava-o exatamente assim, como ele era.
Por exemplo, dizia também muitas vezes: ‘Não digas a ninguém que nos namoramos, é ridículo. Amamo-nos.”
“Passeávamos e conversávamos acerca de tudo, das coisas mais simples. De poesia, dos livros que lia, das suas aspirações, da família.”

O namoro durou de 1 de março de 1920 até novembro desse ano.
Imensas cartas e postais trocaram os dois, encontravam-se sempre que podiam e tudo no segredo dos deuses. Nos eléctricos, nos comboios, em passeios, à janela, todos os momentos e oportunidades serviam param conversarem e namorarem.
Fernando não gostava da palavra namoro, talvez a achasse demasiado séria para ele, que não oferecia um mínimo de condições em termos de futuro.
Quando não se encontravam ele escrevia-lhe ou mandava-lhe versos como estes:

Quando passo um dia inteiro
Sem ver o meu amorzinho
Cobre-me um frio de Janeiro
No Junho do meu carinho

Quando estavam juntos, certamente esquecia os seus afazeres e a realidade era outra. Era bem possível escrever para lhe enviar ou recitar-lhe:

Pousa um momento
Um só momento em mim,
Não só o olhar, também o pensamento
Que a vida tenha fim
Nesse momento!...

A 29 de novembro de 1920, Fernando escreve a última carta a Ofélia e deixam de se ver.
Nessa carta diz-lhe a certa altura:
“Estas coisas fazem sofrer, mas o sofrimento passa. Se a vida, que é tudo, passa por fim, como não hão de passar o amor e a dor, e todas as mais coisas, que não são mais que partes da vida?”

Nove anos se passaram, e um dia o poeta Carlos Queirós, sobrinho de Ofélia e amigo do Fernando, aparece em casa com o célebre retrato tirado pelo Manuel Martins da Hora: Fernando de copo na mão, a beber no Abel Pereira da Fonseca. Por trás a dedicatória ao amigo: “Carlos, isto sou eu no Abel, isto é, próximo já do Paraíso Terrestre, aliás, perdido.”
Foi então que Ofélia pediu ao sobrinho que lhe arranjasse uma outra fotografia para ela, e o Fernando enviou-lhe uma igual com outra dedicatória: “Fernando Pessoa em flagrante delitro.”
Foi assim que recomeçou o namoro.
Até janeiro de 1930 continuaram a encontrar-se e a corresponder-se, depois tudo acabou como Fernando previra.
Numa carta de 29 de setembro de 1929 ele confessa:
“De resto, a minha vida gira em torno da minha obra literária - boa ou má, que seja, ou possa ser. Tudo o mais na vida tem para mim um interesse secundário...”
E continua:
“ Se casar não casarei senão consigo. Resta saber se o casamento, o lar (ou o quer que lhe queiram chamar) são coisas que se coadunem com a minha vida de pensamento. Duvido...”

Não há dúvida que, para ele, outros valores e caminhos mais altos se interpunham na sua existência, a sua vocação era outra, e daí a sua opção: cortar com a normalidade quotidiana e cingir-se ao seu sonho - a sua obra, única realidade pela qual valia a pena viver.


Achei interessante presentear-vos com um pedaço da vida de Pessoa, de vos dar a conhecer o seu amor Ophélia, poucos conhecem Pessoa, e a existência de Ofélia.
Não vos desejo um Feliz Natal mas dias razoáveis polvilhados a felicidade durante todo o ano.
Se acham que vão ser felizes...estão bem enganados.
Dias razoáveis a todos e não comam bacalhau que é um nojo! (hihihihi)

--Maria Simplesmente Maria-- 16:58
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16 Comentários

By Blogger rinocorneta, at 22 dezembro, 2006 18:37  

“Fernando Pessoa em flagrante delitro.”

Ganda maluco!

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By Blogger o monstro, at 22 dezembro, 2006 18:37  

não li

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By Blogger Maria Strüder, at 22 dezembro, 2006 18:42  

lol como se alguém fosse ler.
Vá lá o Rino leu, nem que fosse aquela partezinha =)

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By Anonymous Anónimo, at 22 dezembro, 2006 19:24  

também não li, mas feliz natal pr'a ti também

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By Blogger rinocorneta, at 22 dezembro, 2006 20:29  

Li tudo porque é muito raro ler Fernando Pessoa (os livros são caros).

Gosto particularmente desta passagem.

"Começo a conhecer-me. Não existo.

Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,

Ou metade desse intervalo, porque também há vida...

Sou isso, enfim...

Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.

Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.

É um universo barato."



Álvaro de Campos

Bom Natal

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By Blogger Unknown, at 23 dezembro, 2006 04:49  

de Pessoa já li quase tudo... sabes como é... vicissitudes do avançar da idade e do absinto no sangue...
Ainda assim é muito importante que nunca te esqueças de uma coisa:
Pessoa há só um.
Num contexto... numa circunstância todos nós somos PESSOA(S)...
A virtude está em identificar-te, respeitar, ler mas nunca idolatrar...
O sr Campos e o Bernardo têm a mania de se parecer comigo, contigo... mas nunca te esqueças que os génios morrem cedo... sós... esquecidos...
Esquece...
A geração coca-cola não merece mais...

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By Blogger Corruptor, at 23 dezembro, 2006 12:43  

Bem dito!

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By Anonymous Anónimo, at 23 dezembro, 2006 14:36  

fragil e linda <3

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By Blogger OLHAR VAGABUNDO, at 23 dezembro, 2006 14:50  

festas felizes e um beijo vagabundo

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By Anonymous Anónimo, at 23 dezembro, 2006 15:28  

Passei para te desejar um grande Natal. Um abraço.

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By Blogger Unknown, at 23 dezembro, 2006 15:42  

eu li. parabéns à Ofélia.

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By Anonymous Anónimo, at 23 dezembro, 2006 23:00  

Fernando Pessoa não amou ninguém senão a ele próprio. No máximo, amou as suas criações....

...e Ofélia não tinha sido criada por ele.

_________________________

Mais votos de Feliz Natal e mais um beijo, sweety

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By Blogger 9-9, at 24 dezembro, 2006 01:45  

Não conhecia esta Ofélia. Feliz Natal!

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By Blogger Pâncreas, at 27 dezembro, 2006 14:16  

Custa-me a crer que não se conheça Pessoa, um, senão o maior génio português das letras, e tem trabalhos em áreas variadas...não só poesia. É idolatrado por estrageiros...claro em portugal idolatramos os estrangeiros e os Codes Davinci...desculpa este desabafo..mas sim eu adoro Pessoa, e estou a fazer um trabalho sobre ele e ainda hoje este homem se mantem actual e genial...
mais não digo...
beijos e gostei de passar por aqui.
R.

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By Anonymous Anónimo, at 30 dezembro, 2006 22:34  

bom ano para ti mimi.
eu tb tive muitas paragens de digestao... sao uma moenga!

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By Blogger Maria Strüder, at 30 dezembro, 2006 22:41  

Mimi, nunca me chamaram antes Mimi, acho fofo=) Bom ano para ti também Manu, espero um regresso *****************************

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